VOZ DERRAMADA
Quem quer saber de poesia
Se tão áspera é a vida?
Pra que doces e ritmadas palavras
Se quem manda é a milícia?
Poesia? Ai que ela me persegue!
Mas poesia não é comida!
Não mata a fome!
Não enche a barriga!
Poesia? De que me serve a poesia
Se para o crack já perdi
Tanto meu filho
Quanto minha filha?
Ai que essa dor atroz
Me chora e me sangra!
Eis aí meu drama!
Só ouço minha própria voz
Quando na poesia ela se derrama!