Adão e a Vergonha
Viver na vergonha, perambula
Na vasta solidão do paraíso
Se preocupou com o juízo
Hoje perdeu a razão
Recebe ordem direta
Passando andar em linha reta
Desta obediência cega
Feriu o próprio coração
Expulsa quem não obedece
Do fruto tirado
Outro cresce
No Eden somente padece
Quem segue a voz da emoção
E não há juízo de valor.
Julgando? Oh poderoso
Condenas enfermo
Que as dores da dura vida celestial
São submetidas a um gênero
Sem sofrimento igual?
E de toda miséria malvista
Da banalização da imprudência
Da negação do óbvio
Do orgulho da incompetência
Da vida vivida hipócrita
Da ínfima e notória ausência
Castigam a mais bela forma
Arrancam os olhos pela crença
Adão,
Tenhas vergonha
Teu pai se faz de evasivo
Uma infantaria de acéfalos
Um título de persuasivo
Teu amor, em sangue, banhada
Teu gesto, menos que um nada.