POUCO POÉTICO
Parece que pouco muda
As coisas mundanas e sempre comuns:
O poder que se apodera
De muitos homens guiados por uns.
Difícil falar em rimas
De mulheres e boas risadas,
De vinhos, licores e sabores,
Com lágrimas, nos olhos, represadas.
Faltam cores, faltas luzes,
Sobram amargura e dissabor:
Mas vale poesia crua
Ou outras que falam de amor?
Depois de goles de fel
Queixando-se da felicidade,
Nada de falsidades
Falando que tudo é ruim:
Falo um pouco de mim
Depois de algum mau-agouro,
Pois nem tudo que brilha é ouro,
Mas brilha – não pode ser contestado
E antes de mal-assombrado
Está abaixo do céu.