DESABAFO

O tempo passou, agora entendo ser ele o melhor remédio e me sinto pronta para dizer, escrever tudo que guardei.

Comecei numa brincadeira e acabei construindo castelos de areia, sozinha. Cada montinho que colocava, depositava um pouco de esperança e lá deixava um pouco de amor. Minha edificação foi ganhando proporção e o sentimento aumentando. Eu, sem perceber, ou não querendo aceitar, estava apenas construindo sonhos e neles colocando toda minha expectativa.

A vida me mostrou que o inesperado surpreende, chega como a brisa fresca e se transforma num tufão, acabando com o encantamento, colocando o castelo no chão, pondo a gente de volta ao mundo real.

Depois da tempestade, só me restou areia, e também o pesar, o sentir, o ferir, o desiludir...

As marcas do tempo, do vento, ainda ficam no coração, é difícil de uma hora pra outra acabar com a desilusão, principalmente quando se espera tanto.

Você em momento algum me deixou entrar, ultrapassar a porta...Você me mostrou os limites, me disse de sua maneira como deveria aceitar. Se alguém nessa história errou, não foi você e sim eu. Errei em querer, errei em gostar, errei em amar, em te querer. Errei em aceitar, errei em me envolver, errei em pensar que teria você.

Hoje entendo o que passou, me dou o direito de pensar como teria sido, se meu castelo continuasse erguido, se tudo tivesse acontecido como planejei, se a vida de amor e paixão existisse pra nós dois...

Talvez eu não tivesse estrutura para aceitar por muito tempo seus limites, talvez eu me ferisse mais ainda, e sofrer não é viver. Não se sofre por gostar quando se tem retorno, parceria e reciprocidade, mas acredito que essa seria a minha realidade.

Glorinha Kohn
Enviado por Glorinha Kohn em 03/04/2012
Reeditado em 03/04/2012
Código do texto: T3591648
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