A Lira Dos Vinte Anos

Vinte anos!Não vivi um sequer,

Em amor ou algum relance...

No hálito virgem de uma mulher,

Sonhei em ter um romance

Que existência! E quanta leveza,

A alma crepita na mocidade,

De meu viver!Tenho a certeza,

Morrer em casta virgindade!

Vintes anos! Derramei-os assim,

Em versos com certa melodia

Beijando o seio branco de marfim

No suspirar da funérea litania

Que me resta? Senão as dores,

As cismas d’um doido sonhar,

São como as desbotadas flores,

Murchas em um sincero amar!

Vinte anos! Quanta vida e frescor,

Enrubesce a fronte da juventude,

Fui ter contigo um sonho de amor,

Junto ao soluçar do velho alaúde

Que existência!Tu nem sabias,

Do amor que levo assim amiúde

Enfim tímida tu então sorrias

Acariciando meu aberto ataúde!

Vinte anos! Cantei-os em poesia,

Na viola de um louro trovador,

Tua visão era como a bela melodia,

Do poeta falecido e sonhador

Não derrames uma lágrima por mim,

Leia-me apenas e não deixe morrer,

Da vida não temo esse meu fim,

Pois pela tua alma anseio viver!...

Vinte anos! A lira enfim se arpeja

Nas trovas da bruxa Cassandra,

Por ti anjo - sequioso te deseja

Minha falecida musa Alessandra

Foi uma vaga lembrança,

De meus tempos de mocidade,

A vaga alta de bonança,

A luz da minha tenra felicidade

Vinte anos! E tu sabes que vibra,

Aqui em minha memória recente,

Da lira uma nota em cada fibra,

Neste amor tão gélido e ardente

Mas quem ouvirá esta trova?

Esse suspiro em tanta dor?

Quando eu descer a cova

Implorando-te o seu amor?

opoetakurita
Enviado por opoetakurita em 01/04/2012
Código do texto: T3588799
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