Epifania Poética

Todo poeta sofre de um mal obscuro.

Primeiro tudo parece resplandecer.

Mas não se engane com o chispar soturno.

A inspiração é apenas o alvorecer.

Aqueles pensamentos inacabados,

Que se acabam nos versos.

É tudo sortilégio da abantesma dos velados.

È prosa dos mortos escrivães eternos.

Não se cansam de escrever.

Nem depois da morte dão sossego.

A escrita não se interrompe ao morrer.

Poetas nós? Puro gracejo.

Não somos escritores nem poetas.

A inspiração epifânica da alma

Vem de levas e levas

De’scritores antigos com pressa e sem calma.

Quando escrevemos praticamos mediunidade

Dos artistas dos séculos que se foram.

Pensar pena nossa é pura mediocridade.

Em nossa mente versos obscuros moram.

O êxtase e o fascínio das palavras

Tornam-nos cegos diante

Destas endiabradas

Ousadias de um necromante.

Não há louvor na escrita moderna.

É tudo apenas traço do passado.

Ser escritor é fruto da quimera

Escrever hoje é usar o braço.

Luís Clemente de Campos
Enviado por Luís Clemente de Campos em 01/04/2012
Código do texto: T3588183
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