Nossa má natureza
Esta é a nossa sempre má natureza
eu vejo crescimentos das placentas
e fiquei com a vista meio que presa
em carnes que antes eram angelicais
e peço a Deus Pai para que não mais
eu veja aquela aparição, tão nojenta!
Por qaul motivo tosco hoje meu universo
que alguns leitores vêem apenas no verso
onde eu fujo de ter que tragar meu cigarro
E sinceramente eu já não mais me importo
nessa felicidade falsa, onde me transporto,
e usando o típico sorriso sarcástico escarro
Pois se os que me julgam nunca deram uma tragada
as suas opiniões valem muito pouco, ou quase nada!
Especialmente para alguém que já jaz no doce vicio
para esses, eu julgo, que seria até que mais coerente
juntar-se a massa enorme de manipulados dementes
e deixar-me jogar neste meu tão artificial precipicio
Quis Deus, após uma tentativa de negar minha energia corpórea
que eu encontrasse em outra pessoa um pedaço de minha glória
e costumava a lidar com essas coisas com a fluidez dum tecido
mas agora lembranças de beijos entrecortam o meu rígido tema
e eu nem sei bem dizer se isto é, especificamente, um problema
afinal de contas, é deste modo que tenho sempre por aqui vivido
Gosto muito deste novo formato de criação, sob os pares de vistas
criadas por minhas mulatas mãos que hoje juro serem bem quistas
vejo essas estranhas finalidades que os meus dois braços carregam
e elas tem em si tanto pecado, dos quais não contei a alma alguma
é que juro que as vertebras e cartilagens se resumem a apenas uma
arma que antes de terem encontrado o amor, lhe ferem, lhe cegam!
Mas agora uma lingua que tem se encontrado dentro de minha boca
conta contos de uma realidade outra, talvez o sonho de cabeça louca
não és este monstro que pintas, não és o novo tipo de Dom Casmurro
e o que se mostra sobre a luz que bate no foco destes dois olhos meus
são, talvez, meu presente mais querido que eu tenho ganhado de Deus
mas quanta maravilha comparar gritos dum passado a este teu sussuro!
E acho que deve ser tremenda a fatalidade, de ter que ir reduzir-me
a quilos de carne estragada, com as lembranças do quanto era firme
firme, tanto nas convicções quanto nesta minha biológica estrutura
mas o tempo nos consome, muda tanto que quase tudo vai. O que fica
não foi só porque não teve força para ir: talvez a nossa parte mais rica
de nossos corpos insãos, aquilo que chama de alma, celebram a loucura
Somos somente doidos, ainda hoje inclassificados como seres carnais
e perante a nefasta natureza declaramos que não queremos sofrer mais
queremos cair no ópio interno que se chama ( esquizofrênica que ela é)
felicidade ou qualquer outro termo, regada com a mais augusta crença
de que todos átomos nunca mais vibrarão nas frequências de doença
e de que nossos corações formarão um altíssimo pilar a virtude da fé!