O Mal que Habito
Chuva, por que não cai no meu coração?
Assim de mansinho afastaria este pranto.
Esta dor proibida, este pecado escondido.
Esta dor que não cessa, não é de se esvair.
A minha vontade é que fugissem os espelhos.
O meu desejo é que sumissem as lâminas.
O meu afã é correr e correr mundo afora,.
Movimento de Deusa num mundo impróprio.
Quais os medos e assombrações me avassalam?
Todos os que me fazem pecar na incredulidade.
Mas, sou má, muito má e corrôo o chão que piso.
Em nenhum buraco negro está meu fim. Dou adeus.
Quais são os meus males que me afligem tanto?
Querer destruir coisas belas e incertas e más.
Conte-me você que acaso possa estar me ouvindo
neste choro grande alto e insano. Nunca pecou?
Eu peco sempre, sempre e depois do sempre.
Mas, pecar não é o termo certo. Agrido, xingo.
Poluo em mim o santo que quer me levar pro céu.
Onde estão os males meu Deus? Onde ir me redimir?
Se eu fosse anjo, tão limpa minha alma seria. E aí
planando estaria batendo asas por entre estrelas.
Mas, quem nunca viu ou sonhou com o demônio?