O Mal que Habito

Chuva, por que não cai no meu coração?

Assim de mansinho afastaria este pranto.

Esta dor proibida, este pecado escondido.

Esta dor que não cessa, não é de se esvair.

A minha vontade é que fugissem os espelhos.

O meu desejo é que sumissem as lâminas.

O meu afã é correr e correr mundo afora,.

Movimento de Deusa num mundo impróprio.

Quais os medos e assombrações me avassalam?

Todos os que me fazem pecar na incredulidade.

Mas, sou má, muito má e corrôo o chão que piso.

Em nenhum buraco negro está meu fim. Dou adeus.

Quais são os meus males que me afligem tanto?

Querer destruir coisas belas e incertas e más.

Conte-me você que acaso possa estar me ouvindo

neste choro grande alto e insano. Nunca pecou?

Eu peco sempre, sempre e depois do sempre.

Mas, pecar não é o termo certo. Agrido, xingo.

Poluo em mim o santo que quer me levar pro céu.

Onde estão os males meu Deus? Onde ir me redimir?

Se eu fosse anjo, tão limpa minha alma seria. E aí

planando estaria batendo asas por entre estrelas.

Mas, quem nunca viu ou sonhou com o demônio?

Neusa Azevedo
Enviado por Neusa Azevedo em 29/03/2012
Reeditado em 29/03/2012
Código do texto: T3582327