força do hábito

Estará o poema oculto no detalhe,

Ou, na macro leitura da miscelânea?

Há quem leia e não se atrapalhe,

pra esses, poesia surge espontânea...

Inserido na desordem foge a musa,

Tentando entender antes que criar;

Harmonia não verte de mente confusa,

Nem bronzeia a pele, a luz do luar...

É domingo com flores e aves canoras,

Mas na alma do poeta é terça de noite;

Seu ímpar cronômetro inventa as horas,

Alma no pelourinho, debaixo de açoite...

Impotente para verter alguma ternura,

Olhando nos olhos do Fado estrábico;

Se esse doído canto da desventura,

Parece um poema, é só força do hábito...