DESEMBOCADURA
Rasga-me a glote enquanto degluto
palavras ásperas, secas, intermitentes
que navegam os meus ciclos
e acampam em minha mente.
Desembocam águas de sal
que transpõem canais represados,
cascalhos na ponta da língua,
no cais o tempo encalhado.
Segue o hábito do sol poente
por entre serras e sertanias,
vertem lágrimas a nascente,
pede asilo ao barco poesia.