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Tudo o que você fez

Foi de uma vez

Por todas

Enterrar o meu sonho.

Tudo o que você fez

Foi o mais descortês

Modo de me ignorar.

Enterrou-me viva,

Me fez perder-me da vida

Pouca

E que me movia infeliz...

Você me enterrou viva

E sou a memória que o priva

De viver, por fim, mais feliz.

Você me fez pesadelo

Pelo medo de contê-lo

Perdido em meus planos d'amor...

Me enterrou viva

Nesta prisão silenciosa

Não me culpe, não pise na rosa

Que um dia ousei lhe entregar...

E não traga à vida

A ferida

Que, ora, insiste em sangrar.

Não me faça uma bandeira

Da sua terrível maneira

De sempre se justificar.

Sou aquela que chama

Calada, por baixo da lama,

Enterrada, sem mais respirar.

Dê-me suas mãos tão medrosas

E vem sentir o cheiro das rosas

Tão secas a repugnar...

Você me enterrou em vida

Fiando-me à eternidade esquecida

Que ronda a alma covarde

Que arde por se desculpar...

Você me enterrou viva

E hoje sou prisão-livre-sendo

O mais venenoso dividendo

Que, por fim, você irá tragar.