Mau agouro
Leve com você,
Radiosa entidade disseminadora
Os caprichos da natureza
Por que não levas também a chuva, que traz a vida?
Isso, faça o melhor que puder.
Leve contigo a sua miséria também
Há de servir aos famintos,
Entulhos do mercado.
Faça bom proveito
Leve consigo o seu pequenino
Universo é como gotas de baba
A cada uma, uma Deusa...
Multiplicai-vos seres
Sois de mim a saliva,
O pólen... a flor murcha
É o canto recôndito da sua insignificância
Traga consigo a fumaça da vida
O fedor da sala saiu de sua boca
Na cabeceira da sua malicia
Nasceu a embriaguez da sua criação
Como é bom se valer de um plano
Cumpre lhe torcer o trono da sua audácia
Senhora galáctica...
Leve com você,
Faça o melhor que puder
Ainda será um muro chapiscado
Com palavras de mau agouro
És brilhante a vida
És belo o seu suporte
Como sustentas a sua ostenta?
Acredite na filha única
No ser único, inventamos Deus
Para não nos sentirmos sós,
Quem te inventou?
Leve com você
Sua luz, o teu sorriso
Leve, porque leve como isso
Um túmulo também um dia há de ser...