Dessabores e Todos os sentidos (Refeição dos Tolos)
Gosta de ter com todas,
Todas tem sabores e te desperta
Saudades diferentes.
São tão espelhadas em você.
Eu reflexo fugido.
Breve relampejar em sua retina.
No emprego fútil da palavra.
Dita gostosas, ambígua afirmativa.
Eu sou exclusiva, não desejo ser comida.
Deixar pedaços de amor entre seus dentes.
Quero ser bebida absorvida esorvida lentamente.
Quero ser cereja disputada, nunca dividida.
Não quero ser a torta inteira,
Fracionada entre tantos e tão famintos
de torpes desejos.
Alimente seus olhos com o que mais te apetece.
Aqueles nossos momentos,
passe a faca, esquece.
Passado é coisa pra guardar,
Então que fique recolhido e no seu canto.
O que não tem sentido, perde o encanto.
Mesmo que mexa-se de vez enquando,
Pra não cheirar a mofo,
Faço meu olfato, inapto pra sentir seu odor.
Meu paladar adormecido nem recorda seu sabor.
Meu tato, de fato não te reconhece,
Em meus ouvidos sua voz não estremece.
Devolva meu prato,
Vou servir-me de realidade
E vida doce.
E quem quiser que sorva o pranto.