PARA QUE CONTINUAR A VIVER...

Olho para o espelho e vejo um semblante

O reflexo de um velho sem vida e sem cor...

Um zumbi, andando seu direção...

Será que estou leproso?

Ou estou com alguma doença contagiosa?

Todos se afastaram de mim...

Não tenho mais família e nem lar,

Não foi uma nem duas vezes

Que dorme no chão

Atirado ao relento,

Na misericordia de Deus...

Fiquei sem nada...

Procuro emprego

E todos dizem você está muito velho...

Até piadas já escutei,

Aqui não é asilo...

Pois tudo meu foi tomado,

Fui traído, humilhado, espancado

E roubado por quem eu mais amava...

Do que restou de mim,

Fica no ar a pergunta quem sou eu..

Um verme?

Um dejeto de vaso?

Uma sobra de algo poder

Que esta ao relento a dias...

Meus amigos que outrora fui bem vindo

Hoje sou descartado pelos comentários maldosos

E falsos como também as calunias levantadas

Contra minha pessoa até pelos

Meus que tanto amei...

Não existe mais esperança para mim

Sou um paciente terminal,

Que vive e respira por tubos e aparelhos...

Nem morre ainda e já se escuta nos corredores

Do hospital da vida,

Os meus discutirem,

E até se desentendem,

Por quem e quem vai ficar de direito

Com o resto dos meus pertences...

A futura viúva dona santinha já toda de preto,

Não para mostrar sua futura viúves e sim

Para angorá mais ainda a morte do amado

E de sua gloriosa vitória,

Na desgraça do mesmo..

Ela nem sequer uma lágrima

Rola de sua face...

No teatro da vida ela diz murmurando!

- Até que fim este miserável vai embora,

Não agüento mais este traste!

Que Deus o leve rápido,

Pois agora terei meu cantinho,

Só meu,

Agora poderei curtir a vida viajando,

E não terei a quem me reportar,

Não terei nenhuma obrigação

Com ninguém...

Tenho minha pensão,

Agora é só curtir a vida

E me realizar...

Sou nova e ainda me acho atraente

E festa não vai faltar...

A minha doce e inútil ilusão de um lar

Que sonhei que almejei nos meus 32 anos

de amor e dedicação...

Quando pensei que tinha conseguido realizar,

Num anoitecer vi tudo desabar

Tudo armado e preparado

Para tomar e destruir o esposo e o pai

por ironia do destino o pai ficou vivo...

O abandono dos filhos foi e é total...

Nem uma mão estendida par dar um remédio,

Nem o perguntar onde dormes?

Que te falta?

Ou uma mui pequena ligação dizendo;

- Eu te amo meu pai,

Que seja por caridade pelos anos que cuidei deles,

Sem nada nunca faltar...

Eu me cogito, que posso dar a eles na minha velhice,

Pois nada tenho mais, tudo foi me retirado

Desde o amor a dignidade de viver...

Hoje sou um pobre e velho rabugento pai,

Que já esta preste a morrer de desgosto,

Dos mal tratos de um filho ,

E do descaso dos familiares...

E que alguns deles falam,

-Tem mais é que se lascar este infeliz

Deixa ele se ferrar...

-Eu tenho muito mais coisas para me preocupar

Do que perder meu tempo com este triste...

Sabe o que esta me matando

Não é o câncer terminal

Que estar dentro do meu coração,

Desfigurado e em pedaços

Pelos abandonos, mal tratos

E falta de amor !

Isto sim é letal e fatal

feita por minha eterna paixão...

O que mais doí é o desprezo e a falta de carinho,

Sem falar das pragas, maldições lançadas sobre mim,

Como também as humilhações e o

Ridicularizar da minha pessoa,

Levando-me a uma profunda depressão

Salientando as sequelas adquirida pelas agressões

E mal tratos feitas pelo seu filho

Ao velho pai...

Ah... Os velhos tempos onde era útil,

Pagava as contas e distribui-a

Presentes, ai eu servia, e como era especial...

Era o melhor homem do mundo e o esposo ideal

6 empregadas, 3 carros, motos,

Viagens e vida de milionários que eles tinham...

Hoje a idade avançada, o cansaço físico,

As dificuldades do ganhar o pão nosso

De cada dia, as doenças que se alastra dia a dia

no velho corpo...

Sou tachado de tudo,

Um inútil, uma coisa...

Me fizeram de algo descartável

Como um dejeto,

Lançado ao esgoto a céu aberto...

Que mais posso esperar desta vida?

As migalhas de outros

Visto que minha família me virou as costa,...

O ultimo suspiro do desencarnar?

A morte ?

O dia do juízo final?

Que devo mais esperar...

Acho que só devo esperar o meu falecer,

Para se concretizar o fim do velho homem...

Fica aqui uma pergunta.

Para que eu casei e constitui uma família...

Por que não se fez treva o dia que nasce?

Eu confesso, que dia a dia tenho perdido a vontade de viver

Pois a depressão tem tomado conta do meu ser!

Para quer eu ficar a viver?

Para que eles se realizem rindo,

Se vangloriando do final da vida

Deste velho homem,

que outrora foi um

lindo e amável esposo

e o maravilhoso pai...

QUE IRONIA DO DESTINO...

Von Buchman
Enviado por Von Buchman em 10/03/2012
Reeditado em 10/03/2012
Código do texto: T3546676