Num momento fugaz,
arranquei meu coração
à força bruta,
fitando-o com certa lástima.
Aconcheguei-o nas mãos,
arrolado em forma de concha.
Fiz cócegas e longos carinhos.
Retirei um após o outro,
os laços enegrecidos,
que perpetuavam dormentes,
num container em naftalina.
Não houve represália,
o coração permaneceu inerte,
sequer se comoveu com lágrimas.
Não vi brilhantes nele refletido,
tampouco resquícios de vida.
Devolvi o coração estático,
mas ao lado direito do peito,
não tinha mais valia pra nada,
há muito ele já tinha expirado.