Mar não é amar
A primeira praia que conheci foi a praia do Leme.
Lindo lugar, água bonita, com ondas enormes!
Furava as ondas e saía do lado de lá.
Pegava também jacaré,
me dava bem com a água do mar.
Esta água amiga jamais combinou nem
rimou bem comigo no quesito amar.
A vida adora estas ironias.
Tomava grandes sustos com as ondas do mar,
voltava sempre para a segurança da areia,
chupava meu picolé e voltava para a água.
Cresci nessa praia, princesinha do mar.
Era pra ser ser no leme um bom capitão.
No entanto, no quesito amar
sempre afundei, sempre naufraguei.
E o leme sempre me fugiu das mãos.
Hoje, completamente desarmado,
diante dessa vida desalmada,
não vejo ninguém pra me salvar,
agora que estou do lado de cá,
nessa areia movediça que vai
enterrando toda a minha esperança.
Me deixem ao menos terminar de chupar meu picolé!
Da série poemas modernos