UM TEMPO, ENTREGO O MEU CORPO
Aqui dentro agora ou lá fora,
Entre o meu ser e o saber;
Estou nem muito, nem pouco louco,
No que de mim na noite vago..., e trago
Uma essência pura, mas, talvez sem cura,
Ao que me lambe e também me tombe...
E o elemento é sempre o tempo,
Que alimenta e experimenta, e arremessa a promessa,
No vestir do ontem, do hoje e do futuro que procuro.
Consome-me o dia em alegria,
Devora-me a noite seguinte com requinte,
Para a madrugada engolir,
Tudo o que é o meu falso sentir.
Do meu corpo não sobra nada,
No desejo da minha culpa levada...,
Só a mente como indigente,
Das tantas ilusões em aflições;
Pois, se desmancha a carcaça que vira caça,
E ao infortúnio da minha vida invadida,
Sobrou o sopro do meu coração que se perdeu na solidão!