PERDIDA
Não me digas quem eu sou
Pois não quero mais sofrer.
Escolhi o anonimato
Daqueles infelizes das calçadas
Que vestem trapos e mastigam o vento
Saciam-se de vida na angústia da morte.
São guerreiros da frente de batalha
Que como escudo amparam as balas
Tombam inertes os heróis esquecidos.
Não me digas aonde ir
Pois minha trilha já percorri
Quero sentar na grama e esquecer
Toda a lembrança que insiste em ficar
Martelando em minha mente que vale a pena voltar.
Não me digas a que veio
Faz de mim o que bem queres
Pois eu não me pertenço
Não sou um nem sou ninguém
Sou apenas a sombra de alguém.
Não me digas que é injusto
Que viver é uma dádiva
Pois se o nada me atinge
Pergunto-lhe só uma vez
Diga-me: onde está Deus?