Despojado

Fora joguei tudo que ao meu alcance

estivesse: como um insano lancei

até as folhas de papel que me deste....

O cachorro conservei!Não pude doá-lo.

Era filhote ainda quando me presenteaste

com essa bola de pelos, ao que me apeguei...

Fora isto de tudo me desfiz,

e literalmente no fogo os coloquei...

Mas fogo algum foi suficiente

para queimar tantas recordações

de anos que por ti velei!

Penso agora frivolamente com

pequenos feixes de um sonho distante

por vezes carnais, por outras pueris,

mas ao final amargurados

pelo que eu, ou será você?- disperdicei...

Jamais peço que volte.

Jamais te perdoarei,

e, se voltasse desferirias

os mesmos palavrões com os que te deixei..

Mas de fato o que me assusta

e me inspira é pensar que nunca

deixei de pensar em ti um sequer dia

ou de pensar que qualquer dia você

estará pensando em mim também...

Dom Bernardo
Enviado por Dom Bernardo em 12/02/2012
Reeditado em 12/02/2012
Código do texto: T3493998