Despojado
Fora joguei tudo que ao meu alcance
estivesse: como um insano lancei
até as folhas de papel que me deste....
O cachorro conservei!Não pude doá-lo.
Era filhote ainda quando me presenteaste
com essa bola de pelos, ao que me apeguei...
Fora isto de tudo me desfiz,
e literalmente no fogo os coloquei...
Mas fogo algum foi suficiente
para queimar tantas recordações
de anos que por ti velei!
Penso agora frivolamente com
pequenos feixes de um sonho distante
por vezes carnais, por outras pueris,
mas ao final amargurados
pelo que eu, ou será você?- disperdicei...
Jamais peço que volte.
Jamais te perdoarei,
e, se voltasse desferirias
os mesmos palavrões com os que te deixei..
Mas de fato o que me assusta
e me inspira é pensar que nunca
deixei de pensar em ti um sequer dia
ou de pensar que qualquer dia você
estará pensando em mim também...