Návio Morto

Depois que tu partiste,no silêncio das horas inúteis, na minha vida quieta como as águas dentro dos diques

Eu sou,o vulto de um návio morto...

Não mais viajarei,nem jogarei amarras,e as âncoras que lancei aos mares como garras morrerão enterradas no fundo de um porto...

Não mais a vertigens das viagens,o deslumbramento dos poentes incendiando os horizontes,gaivotas bêbedas de espaço em sinuoso volteiro sobre o mar,

_ Mar de teu corpo,gaivotas de caricias que eram minhas mãos,hori-

zontes de abraços infinitos,poentes do teu olhar...

Não mais os ventos nos converses,a salsugem do oceano largo,dila-

tando as narinas,o balanço das ondas,o rumor das águas,orquestral,e

a revelação das noites em seus misterios de luz...

_Ventos do teu desejo,salsugem do teu beijo salgado,sensual,balan-

ço do teu corpo,revelação de teus seios que foram mistérios e despon-

tavam nus...

Meus braços estão vázios,hirtos e triste como estão hirtos e triste

o návio abandonado os varais dos seus mastros...

E as minhas mãos outrora inquietas,cheia de âncias,já não acenam

para as tuas,nas partidas e nas chegadas,como bandeiras aos astros...

Bandeiras que vão ficar para sempre guárdadas e nunca mais hão

de soltar-se no ar,se não mais voltarei as teus braços,enseada

Onde a bandeira de teu lenço

Estava sempre a acenar...

Dentro dos meus olhos vagam fantasmas de sonhos pervagam

pelos converses lembranças descarnadas de memórias e fatos,

_Ali! podre návio abandonado!

a saudade é a ferrugem que o destrói,e as águas vão minando os

porões onde ouve as próprias mágoas na algazarra dos ratos,

Longe de te,me sinto assim como esse fantástico návio,

O olhar oleoso e frio

Como as águas nas docas junto ai cais,

_Sundos apitos de angústia me chamam dentro da noite,

E o vento que ontem venci,si vinga...

e ao seu açoite

Os mastros se vergam mais...

Nunca mais vibrarei a alegria das partidas nem nunca mais com os

olhos saturados de imagem poderei voltar...

Hoje,já não sou mais do que um návio morto,

sem intenerario e sem porto...

_Uma sombra,ancorada,a tremer sobre o mar...

(Poema de JG de Araujo jorge extraido do livro ( Os Mais Belos Poemas que o Amor Inspirou) vol. II_Edição 1965)

Obs:Meu poema do coração,o gual me inspirou todos os meus,amo.

Daniêda Fernanda
Enviado por Daniêda Fernanda em 04/02/2012
Reeditado em 08/02/2012
Código do texto: T3479161