Indecentes
sou desta era estúpida
época que se desafia tudo
e se desafina tudo
sem verdades
vozes afinadas
lápis afiado
vozes dos calados, ecos do povo
calam-se com pólvora
sem liberdade
silenciam-se sem dó nem piedade
mesmo alí, no calçadão na avenida
calam-se verdades
e, quem as dirá?
sinto um aperto na garganta, ingulo em seco
encarceram pensamentos livres
se pudesse descansar a mente
talvez calasse
de nada vale
extinguem fogo com petróleo
jubila a incopentência
ai vida...,
como me ferve o sangue
deixe que eu me cale
ainda me engole a cobra da pólvora
são como sementes
vão despontando, nascendo e crecendo
um dia cai o veu
e expõe a verdade