VÁVULA DE ESCAPE

Os jornais estão manchados de vermelho,

Vermelho do sangue que escorre das tragédias,

Como redemoinho diário de um espelho

Refletindo o mundo em doses tão histéricas...

Os jornais estão manchados de vermelho,

Vermelho na linha de cada vã manchete

Como anacrônico vento no qual me espelho

Para refletir um sonho que não repete...

Mas, no fundo, talvez queiramos escapar

Das más notícias diárias nas televisões

Dos pesadelos entre terra e mar

Invadindo o cerne de tantos corações...

Sim, talvez queiramos escapar de nós mesmos

E da estupidez vermelha que mancha nossas ruas

Em doses já tão cruas de um tempo vão,

Agredindo um pobre coração que já se esvai em luas.

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