Última escolha

*por favor NÃO leia esse poema caso esteja deprimido, é sério!

A vida não fazia sentido há um bom tempo agora

ele estava lá, rodeado por coisas de um escritório,

perguntando ao Acaso se por algum maldito acaso

as horas não podiam só passar como que em sonho

Ser pago não fazia mais sentido, no salario tão querido

seu dinheiro não era trocado mas se sentia tresloucado

que comparou sua condição ao pobre Severino de Jõao

Cabral de Mello Neto, achando o pobre o mais correto

Sabendo da realidade última: que dinheiro era papel

e que o papel não tinha valor nenhum sem rima nele,

foi tomando o caminho mais perigoso que uma forma

de vida podeia escolher para si: leu os existencialistas

Questionado sobre se a sua vida tinha qualquer coisa de bom nela,

pela primeira fez se debatendo mentalmente com tamanha questão,

ficou se debatendo até ter cãimbra no córtex cerebral, perder sua fé

e sua razão, ter ataques de asmas ideológicos nos ares de escritório!

Saber que toda vida foi gasta na presença de tintas e blocos brancos,

as matemáticas estritamente econômicas quase que não fazem sentido

ao pensar que no final da última batalha espritual o anjo tinha perdido

da mesmíssima forma como ele tem perdido dinheiro ao seus bancos

A lingua midiática tinha mentido para ele, que nunca fora especial assim

viu a fome voraz dos vermes abaixo e teve pena do que era seu futuro

coração se paralisava por completo na espécie mais profunda de medo

duvindando dos sermões que ouvira quando era uma criança devota

tinha percebido que no domingos ele louvava apenas a própria alma

Estava questionando profundamente se havia tal coisa neste plano!

contentou-se em acreditar, na fé quase que agnóstica, que tal coisa

que convenientemente chamaram de alma, se arrastava e era levada até o ralo sujo do banheiro tão mal cuidado pelo empregado mal pago

quando este seu ser, fragilizado pelos outros, se escamava em lágrimas

Se esta for realmente a única resposta acho que não espirito mais,

pois o que olhos choraram poderia apagar as labaredas do inferno

olhei para cortinas que tinha acabado de comprar com muito dinheiro,

pois tinha achado na espécie de alucinação mais capitalista de todas

que pedaços mínimos do crepúsculo frio se enrolariam para sempre nela

e finalmente decidi que já era mais do que passado da época de decidir algo por conta própria, sem ter que terceirizar nem recorrer a empresas

Procurei algo fino o suficiente para servir para o que estava planejado

achei que tudo seria um pouco mais visceral mas estou tão calmo que poderia talvez sorrir para aquela esquelética mulher que vem vindo aqui

olho para este céu e o sol não esta mais lá, dependurado no horizonte

olho em volta de tudo e só vejo as coisas sem ninguém mais por perto

o escritório vázio era a alegoria perfeita do que tem sido a minha vida

um espaço vazio de humanidade feita para ganhar quantias de dinheiro

Enfim, cortei pedaços de pano, grossos o suficiente para que eu só tivesse a probabilidade biológica de uma escolha apenas (lógica cruel)

porque existem nesta terra certs decisões que, uma vez tomadas, nunca poderiam ser desfeitas sem o milagre da qual duvide se mereço

Algum poeta certa vez me disse que um dos milagres era justamente um amor,que tanto buscava...mas eu estava meio senil e já bem surdo. Nem sei mais quem era.

Seu nome era Hugo...

ou talvez Ernani, não sei..

os nomes se confundem dentro de mim.

Adeus.

Ernani Blackheart
Enviado por Ernani Blackheart em 16/01/2012
Reeditado em 16/01/2012
Código do texto: T3443213
Copyright © 2012. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.