A FACE
A FACE
Deveria ser por esta face
que se pudesse ler o que escrevo
nas páginas amareladas do tempo.
Mas de quem é o rosto que mostro?
Um rosto que já não parece meu.
Eu não sou este rosto que vêem,
ou a face que pouco se mostra.
Onde está a face da harmonia?
Onde ficou o corpo a exalar
o cheiro brejeiro do contentamento?
Quantos enganos uma face provoca!
Às vezes breves enganos desfeitos,
Às vezes marcas profundas e frias.
E o espelho fraudulento me devolve
uma imagem que não é a minha.