DECEPÇÃO
Com os olhos marejados d'água
Pisava leve no chão
Seu corpo não andava, flutuava
Na noite triste do sertão
Vestido branco de renda arrastava
Descuidada, pelo chão
Não via nada, apenas chorava
Amargava sua solidão
A lua no céu estrelado brilhava
Mas apagado estava seu coração
Seu corpo tremia, vibrava
Com ódio, tristeza, paixão
O desprezo daquele que amava,
Era sua perdição
A dor que a dilacerava
Rompia os laços da dedicação
Andava, andava, andava
E sabia a direção
O rio que à frente encontrava,
Era sua salvação
Seu corpo n'água jogava,
Só havia escuridão
O rio com as lágrimas misturava
A queda e a ascensão
Caía, a correnteza levava
Seu corpo, sem dilação
Sua alma subia, planava,
Longe da escuridão.