Evocações de Amar
Minha ilusão sempre evoca inutilmente o Amor
O qual é o abismo por todos os néscios volvido.
O querer só busca o não-querer sedutor e desconhecido,
Entranhado no ser pelo medo constante de sentir dor.
Nesta virtude são aspergidos os fragmentos ocultos
De todos os gestos abandonados no íntimo das Horas.
As Lembranças dos beijos são o palco dos vultos
Que tecem as febres de teu desejo que tanto ignoras.
O cair da Noite resplandeceu um agonizante candelabro
Que tu escondes debaixo dos leitos difusos de teu sorriso,
O qual imola as verdades do que se julgou ser impreciso,
Na porta de meu ser para o amor não há mais brechas e nem abro.
Os oráculos dos Traidores profetizam os augúrios do lume
Que mutila as súplicas do Vácuo que caminham em tua alma.
Abandonaste meu Pensar ao abraçar as faces do perfume
De meu Ser que em teu corpo esculpiu a ilusão da calma.
Esta Mágoa tangível adubada pela tua ausência,
Que sempre inicializa os eternos términos de meus sonhos.
Não amar, não odiar e nem nada sentir é a essência
Onde anseio em mergulhar e vomitar meus eus tão tristonhos.
Quando te amei, vi-me em teus olhos brilhantes de primaveras,
Mas uma nuvem encobriu, e revelou a luz ofídica de teus semblantes.
Nossas mãos eram enlaçadas por vontades mentirosas e distantes,
E meus Sonhos se afogaram nos rios exânimes de todas as quimeras.
Teu Reflexo na água despia tua alma tão incestuosa de mentiras;
Tuas lágrimas ensaiadas eram setas de venenos hipnóticos.
A Chama de meu coração murchou no corpo em que sentiras
A brandura real de meus sentimentos paradoxalmente lógicos.
Quero em meus templos exorcizar teus afagos de Judas,
Em que despi meus segredos por te idealizar como baluarte.
Buscar as multidões de nossa própria Solidão é a sublime Arte
Perante a qual as vozes do Cosmos se tornam em capelas mudas.
Gilliard Alves