LIMITE

A morte ronda os meus olhos.

Susto... trauma...

No limite do corpo a saúde do espírito.

O soco no estômago,

O frio do escuro.

A noite eterna em meu dia

vicia

e alinha

o tédio ao sono

e o sono ao medo.

A morte ronda o meu corpo.

E anula

o afago,

a carícia,

a delícia de sabr-me flora,

a malícia de saber-me fauna

no cio.

A agonia

cria a espera do amanhã

nos vestígios do ontem,

tão bifurcado no hoje.

No anseio da entrega

absoluta e serena,

encontro-me viva

e dona só de mim e dos meus engasgos.

O trote,

a cilada,

a voraz emboscada que inaugura os sonhos,

antes do adormecer.

Lenda viva?

Acalanto?

Onde em mim pulsa o coração?

A morte ronda os meus passos.

Desfaço

o corpo da amente

e planto-me,

do fruto a semente

esquecida sobre o chão.

Meus passos passeiam luas

no breu da escuridão.

Marilia Abduani

Marilia Abduani
Enviado por Marilia Abduani em 19/12/2011
Código do texto: T3396560