UM SUICIDA
Uma mesa com toalha cor de vinho.
Sobre ela, uma garrafa de champanhe,
Uma flor vermelha,
Uma taça com um laço vermelho era um detalhe.
No canto, quase imperceptível, cinzas de cigarro que denunciavam sua presença.
Esperei você toda a noite.
As velas cheirosas se apagaram de tristeza.
Mil vezes me olhei no espelho; o problema sou eu?
Sou peça sem bons talhes? O escultor isso me negou?
Mas, essa não era sua crença.
Dizia-me: Não faz diferença.
O amor não olha as imperfeições.
É sedução, é magnetismo,
Afinidades, alquimia sem imposições.
A comida esfriou; a menina não veio.
Telefonei tantas vezes
Fui paciente, crente, até indiferente, mordi os dentes.
Sua voz muda ao telefone não me deu uma chance.
O dia chegou ligeiro,
Suas asas cruzaram a madrugada até encontrar-me no cativeiro.
Estava apaixonado!
Por uma mulher, meu coração agora dilacerado.
Sem pecado?
Tive, então, notícias...
Essas coisas não se devem contar.
Passei para o lado de lá.
Sua carta lida na madrugada foi tiro certeiro;
No peito, perfeito, sem despedida.
Loucura de quem ama?
ROOSEVELT VIEIRA LEITE