Azulado

Sangrei de azul a folha de papel

Com a pena e sem pena a marquei

Feri-lhe a face com meu azulado fel

E entre grafos mal escritos e errantes

Me fiz distante só para não me encontrar...

Meu crime maculando a alva folha

Caligrafia registrando enorme dor

O que o silêncio mudo em mim consome

E escrevi com as mãos trêmulas um nome

Rabisquei em cima e depois rasguei

Da marca do meu crime fiz aos pedaços

Assim forjado no engodo d’outro abraço

Não deu-me a paz que tanto desejei...

E o meu lamento é simples e unicamente

Não ter com fogo feito tudo em cinzas

Depois, sem remorso algum, lançar ao vento

Os restos, os vestígios do que amai...

Irene Cristina dos Santos Costa - Nina , 16/12/2011

Nina Costa
Enviado por Nina Costa em 16/12/2011
Reeditado em 16/12/2011
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