Quase o cotidiano
Quase o cotidiano
Saiu do trabalho, contra-cheque no bolso e sorriso nos lábios...
Sentiu o vento no rosto e de repente,
O clima de natal inundou sua alma.
Sentiu-se atraído pelas luzes coloridas,
As vitrines chamativas chamando sua atenção.
Atravessou a porta de vidro
E viu a boneca abrindo os braços,
Prontinha para ira para os braços da filha.
Sorriu satisfeito diante do embrulho bonito,
Imaginando a ansiedade dos dedinhos,
Rasgando o papel na hora da entrega.
Lembrou-se dela... e saiu novamente pelas vitrines,
Procurando algo que fizesse justiça à sua beleza,
Embora bela ela ficasse mesmo,
Quando vestida apenas pela natureza...
Foi então que a lingerie sedutora,
Sugeriu a escolha perfeita.
Mandou embrulhar para presente
E foi ao banco buscar a parte que faltava.
No caminho, a imaginação correu solta,
Imaginando-a insinuante,
Sob as rendas que prometiam viagens loucas
Num simples toque de sua pele.
Parou diante do caixa, sentindo gosto de saudade...
E despertou num gesto brusco,
Na fria realidade...
Nem sentiu quando a bala entrou,
Viu apenas alguém que corria,
De arma e dinheiro na mão.
A noite chegou de braços dados
Com uma chuvinha fina que não parava...
No portão, junto com a filhinha ela esperava,
E como a noite de natal já se despedia,
Recostou-se cansada no sofá.
Foi então que viu o noticiário da TV...