Sombra

Fui ferida por mim mesma

num instante de loucura.

Meu corpo perdeu a vigília

da minha emoção mais pura.

Cacos de vidro nos olhos,

estilhaços em meu dia.

A fúria de quem não sente

o beijo da calmaria.

Fiz de mim o meu algoz,

o peito vivo,fremente.

A boca seca, sem beijos,

a ansiedade demente.

Meus ossos esbranquiçados

nem sentem frio ou saudade.

Eu enfrento garras e dentes.

Me falta qualquer coragem.

Eu sou o meu próprio inimigo,

a alma turva, cansada.

Solidão é o meu castigo,

meu pranto é luz apagada.

O abraço sem esperança,

memória fraca e cansada.

Passos inertes, sem dança,

Sou quase sombra. Mais nada!

Marilia Abduani

Marilia Abduani
Enviado por Marilia Abduani em 11/12/2011
Código do texto: T3382630