Varal da Ilusão
Estendeu todos os sonhos
No fino fio da esperança
Preso em meio ao pranto
No varal dos desencantos
O sol estourava mamonas
Agredindo os finos panos
Rebordados de nostalgia
Secou sem pena a alegria
Veio o vento da invernada
Sacudiu todas as roupas
Arrastou para a ribanceira
O tal do amor de primeira
Temporal de desespero
Frios granizos da solidão
Colocou de vez as roupas
Da felicidade no chão
Vento forte do abandono
Balançou os bambuzais
Derrubou todas as flores
Da árvore de mil amores
No barro batido da terra
Viu esfregar a saudade
Lambuzada de tristeza
Salpicada de aspereza
Varal triste imaginário
Relicário do desprezo
Onde a dor é estirada
Melancolia esgarçada
Estirados os desenganos
No desbotar dos panos
Trapos de muitos planos
Pobre existir desumano.
(Ana Stoppa)