ALUGAM-SE DOIS CORAÇÕES

Na mente

de quem sempre mente,

quem fala, cala.

Quem cala, fala,

quem sente,

mente.

Foi-se o tempo

em que do quarto

para a sala

existia a tara

Logo cedo,

depois do primeiro bocejo

existia o desejo

Hoje depois de dois partos

homem e mulher

circulam desconhecidos

um na sala,

o outro no quarto

Dois serem que finjem

ser inteiros

quando na verdade

nada são

além da metade

do que um dia

sonhram ser

E assim os dias se passam

Feito pedras envoltas

em arame farpado

descendo rumo a um nada

que parece fadado

a não ter fim

Foi-se o tempo

em que existia amor

Hoje as conversas

nada mais são

que palavras esparsas

uma amarga ilusão

que ecoa no silêncio

de uma vida à toa

sem qualquer pretensão,

a não ser sobreviver à vida

numa casa vazia

alugam-se dois corações

Deep Blue
Enviado por Deep Blue em 30/11/2011
Código do texto: T3364773
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