SONHO DE TEMPLÁRIO
Minha adolescência foi repleta de sonhos de Lancelot e de Percival.
Eu seria um cavaleiro, a toda prova na luta contra o mal.
Quase louco, da Távola Redonda, procurei algum vestígio.
Na esperança de um dia cruzar com o rei Arthur,
Cultivei os nobres sentimentos de cavaleiro,
Para conseguir do rei algum prestígio.
Mas sonha-se, sonha-se, até que um dia a realidade mostra sua
carantonha.
Logo descobri, eu não morava em Avalon.
E no país da minha vida real, não basta ser bom e lutar contra o mal,
Nem ser tão autêntico convém.
Basta ser astuto e representar o papel de “homem de bem”
A nobreza e a bravura de cavaleiro ficam em plano terceiro.
Ao invés da busca pelo Santo Graal,
A luta pela sobrevivência de um simples comensal.
As damas e as donzelas que personificavam a virtude e a candura,
Dispensaram minha proteção de cavaleiro,
Para viverem suas aventuras,
E elas estão certas, conquistaram com propriedade,
Seus lugares de destaque na sociedade,
Não precisam mais de pajem para decidir suas prioridades.
Se o herói a cada obstáculo robustece a sua vontade,
Foi então que descobri: eu não era herói de verdade.
Quando a vida me exigiu prova mais rude,
Não agüentei... Não pude...
Enfraqueceram-me as virtudes,
Apequenaram-me as atitudes.