Poema sangrado

Não era para ser assim

fechado.

Muito denso, sufocado.

Pesado de correntes,

nem arrastado como fardo.

Que diria de ti,

em falsa asa disfarçado,

na rima errante mantido,

concebido poema quadrado

lançado no vento, esquecido.

Não era para ser assim

ingrato.

Inglório momento insensato

de certeza partindo sem adeus,

em dedos sacudidos e meus

misturados ao sal de lágrima.

Sabido era o barranco

de coisas descidas, afundadas,

borradas nos olhos de terra,

na guerra travada e perdida.

Não era para ser assim

sangrando.

Raspando a garganta.

Toda essa ventania,

escangalhando a madrugada

era tanta e não sabia

devastando a enseada.

Foi-se toda a ventura

porta afora de mim

sem dizer do fim, o fim.

Felix Ventura
Enviado por Felix Ventura em 04/01/2007
Código do texto: T335873
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