Poeta com dor, é um condor

Uns fazem das asas intrigantes papéis,

Quase amputando preciosas pernas;

Podendo planar sobre vastos vergéis,

Morcegos jazem em escuras cavernas...

Outros dão uma vívida lição para mim,

Vejam nos jogos, para-panamericanos;

tendo as asas atrofiadas como pingüim,

privado do céu, eles “voam” no oceano...

Amor é lagarta, com asas em potência,

Quem sabe um dia, galgue ares, enfim;

Pós estreito casulo na correspondência,

Plana colorida contemplando o jardim...

Poeta infeliz é, talvez, um alado pesado

Que sobrevoa os Andes, retido no chão;

Seu plano de vôo, fortuito, improvisado.

Chega onde pode, asas da imaginação.

Meu anelado amor, sequer asas tinha,

Mas, dizem que bom cabrito não berra;

Enganoso foi como as asas da galinha,

Veículos do céu que não saem da terra...