Desencontro de sonhos
Outro dia eu tive uma descoberta extremamente prazerosa
a de que eu estava em outros lugares além dessa tua prosa
pela primeira vez um outro alguém confessa o inconfessável
o meu nome estava pichado em um subconsciente feminino
uma idéia jogada no meio das vértices cerebrais sem ensino
sombra que instabilizava qualquer base que nascesse estável
Aceito com um grande sorriso o originalíssimo papel social meu
de entreter os teus neurônios que já se encontravam dormentes
fundindo as aparentes loucuras oníricas das nossas duas mentes
ir ser uma companhia bem quista de outrem trazido por Morfeu
talvez os nossos corpos tenham entrado numa biológica sintonia,
sem aquele absurdo social nos projetos tão racistas da eugenia
È um fato consumado que habitas as minhas noites também
e sempre te pintava com uma perfeição inerente a ninguém
mas uma coisa me coloca numa posição quase que pavorosa
teus sonhos tinham imagens celestiais, com uma beleza casta
nos que eram meus, o passo impiedoso do segundo se arrasta
éramos dois corpos em toda nossa natureza: você nua, fogosa
Talvez pela inevitável alquimia psíquica desse belo sentimento
os teus amores fraternais se fundindo ao meu desejo sedento
assim chegando ainda mais perto de tudo o que nós sentimos
duas longuíssimas operas sendo regidas em perfeita harmonia
única forma dos nossos corações esquecerem toda sua agonia
era essa forma corpórea perfeitamente bela em que nos vimos
Na adição suprema de todos dogmas de todas humanas filosofias
íamos inserindo calor e sentimento a todas coisas que eram frias
embaralhando as 52 cartas do baralho estático "Objetividade"
no nosso jogo de azar onde suas regras eram bregas e piegas
tudo na partida jogada na cama maior que mesas em Las Vegas,
corpos rolavam: pedras quadrangulares dos dados em atividade
No movimento dos pulmões, a leve libertação do suspiro profundo
e quando se juntava aos meus, pesados pela minha saudade de ti
via a junção dos dois sopros formando a atmosfera de um Mundo
um Éden contemporâneo aonde criei a civilização por onde me meti
Via também que, realidade maldita, sonhava com coisas da Terra
e você com todo aquele infinito dos Reinos Celestiais já sonhava
um Ser daquele reino inexistente construiu muros que separava
sua essência sempre tão perfeita da minha, que ainda hoje erra