Putrefação
Em meu sangue, um fluxo contínuo de ácido
Bombeado por um coração dilacerado
Decompondo minhas veias
Corroendo minhas entranhas
Cabeça baixa
Olhar fundo
Mente derretendo em sulfuroso torpor
O corpo agora não tem forma
Apenas um amontoado de carne podre
Perambulando pela realidade
Sustentando um grande vácuo
Suportando com forças inexistentes
A pressão
A prisão
Não tenho olhos
Não tenho língua
Não tenho ouvidos
Tenho apenas o que resta
De um ínfimo coração partido
Em pedaços minúsculos!
Tenho apenas um espírito
Se contorcendo para se libertar
De uma moradia porca
Possuo somente uma consciência perdida
Em um mosaico de sonhos
Longe do real
Em minhas mãos apenas a insistência
Em continuar morrendo
Dilacerado pelas garras da desilusão
Longe, a força expressiva dorme
Palavras vagas surgem do nada
Inúteis
Poderoso veneno ingerido sufocando
O desabafo do garoto morto
Dentro de mim eu morro
Desintegro-me
E não encontro palavras que joguem o veneno
Para fora!
Um dia morrerei
Mas a dor concedida pelos deuses
Manterá minha mente eternamente viva
Um castigo não merecido
Putrefação eterna
Para um romântico obsessivo!
(Agosto de 2005)