DUVIDAS

Hoje o silencio me chama:

- Morrer! Morrer! Morrer!

Mas a vida clama:

- Viver ate quando fores capaz de viver!

Mas a insegurança me prende

Como a vida que estou vivendo

E de saudade já estou morrendo

Desta inexistência ao qual se rende.

Hoje o sono profundo me conduz

- Venha para a morte, venha!

Mas a luz divina produz:

- Longa vida de alegria tenha!

E nesta vaga solidão

A duvida me arrebenta

E há no meu ser tanta tormenta

Na imensidade da desilusão.

Sonhar quão vão me oferece?

Que há no céu tanta discórdia sombria

E, se a Deus envio minhas preces.

Para sonhar a paz que eu tanto queria!

Mas que sonho tão oriundo?!

Que o pesadelo me atormenta

Como um penar que comenta:

- Tu irás viver num solo profundo!

Mas a reação, em duvida, reage.

Segurando o estandarte da vitória

E do luto, sumiu-se do traje.

Perdendo sua vitória – sua glória!

Mas, quão afazeres têm? O que procuras?

O silencio do tédio, da solidão!

O que tu queres? – Que pare o meu coração?

Para viver na lajea fria e dura?!

Não!... Morrer!... Não quero morrer

Pois a vida ainda me segura

E eu sigo o caminho do meu viver

Cheio de amores e alegres doçuras.

Quero amar, poetar o quanto for capaz.

Pois tenho a vida e quero conte-lo

Para poetar de seus pés ate aos cabelos

Como símbolo do meu amor pela sua paz...

Mas oh musa! – És tu a inspiradora

Da minha existência duvidosa

Tu és para mim a proseadora

Dos meus tristes versos, minhas prosas.

Mas como? – Se me aliviar não consigo

Deste tormento de que tu não me queres

Pois és – p’ra mim – entre as mulheres

Meu amor, meu teto, meu doce abrigo.

Amar-te?! – Mas que ventura triste

Pois de ti não consegui o amor

E o amor no meu ser existe

Como as lagrimas que derramam em candor...

E a traição traz-me nova insegurança:

-Venhas, para o silencio, para a solidão.

Pois tu tens soluços no silente coração

Que não possuirás mais amor e esperanças...

E algo estranho me rodopia sem parar

E a tontura quer me dominar e eu a venço

Pois se eu vivo é para sempre te amar

Até o resto da vida, até o meu silencio...

Mas, uma voz sombria me chama:

- Venhas silenciar-me, venhas!

E outra voz macia reclama:

- Vida longa quero que tenhas!...

Mas como poderei tirar esta duvida

Se sou um morto e vivo sem razão

E por mais que lute na vida

Mais estou caindo dentro da ilusão.

Culpa minha. Culpa da musa forte

Que de duvidas não sabe o que querer

Se ela – quer na vida – morrer

Eu quero – na vida – viver...