Perfídia

Percorria ao teu silêncio limpo,

Vendo no horizonte, as luzes sendo apagadas!

Assim me embriagada, perfeito absinto,

Deixando-me tolo, a cada gole que entornava...

~

E de tão tolo, comecei a tropeçar por suas ruas,

Acabando por cair sobre as suas calçadas.

Mas a dor do tombo doía menos que a lembrança tua,

Fingindo-se amar, numa alegoria dissimulada...

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Alegres e tristes olhos que se defrontam ao espelho,

E mal sabem eles se descartar de uma verdade...

Onde por inabilidade, a mentira é seu aparelho,

Que reproduz com fidelidade ao teu ato covarde...

~

Quiçá, um dia Deus lhe apedreje,

Assim como fez a mim, em noites de solidão!

Mas isso, não é porque mal eu te deseje,

E sim porque acredito que pra todo mal há correção...

~

Porque o mal está nas ruas, escondido nas cidades,

Mas o teu é uma majestade reinando em seu coração!

Ele diz sim e não, fazendo todas suas vontades,

Enchendo-te de vaidade, e caminhos sem direção...

~

E não acredite que possa voltar por esse caminho,

Pois mesmo conseguindo, o teu rastro vai mostrar!

Que não erraste apenas por falta de carinho,

Mas sim porque nunca soubeste amar...

~

Inapta, não deverias comandar ao meu barco,

Deixando-o a deriva, em meio a um furacão!

Imprecisa, não devirias usar a flecha e o arco,

Para acertar o nada, gastando minha munição...

~

Então hoje por frustração, me embriago de vida!

Sendo acordado com ressaca ao lado da morte...

Enjoado com a tua imagem mil vezes refletida,

Em um espelho quebrado pela falta de sorte...

Marco Ramos
Enviado por Marco Ramos em 12/07/2005
Código do texto: T33194