Perfídia
Percorria ao teu silêncio limpo,
Vendo no horizonte, as luzes sendo apagadas!
Assim me embriagada, perfeito absinto,
Deixando-me tolo, a cada gole que entornava...
~
E de tão tolo, comecei a tropeçar por suas ruas,
Acabando por cair sobre as suas calçadas.
Mas a dor do tombo doía menos que a lembrança tua,
Fingindo-se amar, numa alegoria dissimulada...
~
Alegres e tristes olhos que se defrontam ao espelho,
E mal sabem eles se descartar de uma verdade...
Onde por inabilidade, a mentira é seu aparelho,
Que reproduz com fidelidade ao teu ato covarde...
~
Quiçá, um dia Deus lhe apedreje,
Assim como fez a mim, em noites de solidão!
Mas isso, não é porque mal eu te deseje,
E sim porque acredito que pra todo mal há correção...
~
Porque o mal está nas ruas, escondido nas cidades,
Mas o teu é uma majestade reinando em seu coração!
Ele diz sim e não, fazendo todas suas vontades,
Enchendo-te de vaidade, e caminhos sem direção...
~
E não acredite que possa voltar por esse caminho,
Pois mesmo conseguindo, o teu rastro vai mostrar!
Que não erraste apenas por falta de carinho,
Mas sim porque nunca soubeste amar...
~
Inapta, não deverias comandar ao meu barco,
Deixando-o a deriva, em meio a um furacão!
Imprecisa, não devirias usar a flecha e o arco,
Para acertar o nada, gastando minha munição...
~
Então hoje por frustração, me embriago de vida!
Sendo acordado com ressaca ao lado da morte...
Enjoado com a tua imagem mil vezes refletida,
Em um espelho quebrado pela falta de sorte...