Colapso de Sonhos

Quantos passos ensaiados de felicidade

Quantas expectativas a cada olhar

A brisa do inverno soava sempre esperançosa

A cada novo encontro, a cada novo sorriso

Eu poderia procurar por mil oceanos

Um único motivo além da infâmia

Procure por uma razão em todo o universo

E ainda assim não poderia tirar-me tamanha lama

Infinitas noites seriam insuficientes à minha tortura

Porque meu mundo também ruiu, é verdade

Quando achava ser o arquiteto da dignidade

Apenas veneno destilava nos jardins de muitos sonhos

Os domínios da noite já não posso adentrar

Repulsa-me fortemente o encontro com a consciência

Tenho apenas a insônia a corroer-me os olhos

Porque oceanos de lágrimas cobram-me o repouso

Monstros saídos de recônditos abissais

Seres que refletem uma natureza que recuso facear

Veio-me a vida, a maior das armadilhas

Desencadeando rebeliões que mesmo anjos não podem conter

Porque seu cheiro ainda vagueia-me a memória

Porque sua ausência ainda atormenta-me o viver

Assim, o fogo já não é uma conquista

E por isso o tempo já não é uma dimensão

E o remorso de mim mesmo rasga-me o mundo

A um juramento de resignação resume-se a vida

Pois a brisa do inverno já se foi em meu ímpeto

E a noite somente resta-me em companhia

Porque nada mais que isso é o que mereço

Porque tudo isso é nada ante o que semeei

Pois imensurável é a dor a cortar-lhe o peito

Impossível é desfazer o mal da ruptura das noites

Isaque
Enviado por Isaque em 04/11/2011
Reeditado em 04/11/2011
Código do texto: T3316349
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