HIPOCRISIA
Que já era fala torta
o que eu nem ouvia
diluída no açúcar
do oportunismo
e já me resvala
o passo em água fria
Bebeste até o fundo
sem mover uma palha
e eu comendo nesta mão
quando ma estendias
Teus olhos já viam
em outra direção
O teu verbo a mim negado
as minhas batalhas
lutei sozinha
contra os teus moinhos
Fingidor em fundo falso!
Eram as tuas portas
ilusão de ótica
e sabes agora o caminho
que já o sabias:
o que parte do teu umbigo
e ganha o espaço
perfeita egolatria
E empunhas a espada
do amor
clamas alforria
o mesmo vellho estratagema
lanças as amarras
no mel da poesia
pássaro pisa no visgo
que já cobre este caminho
derramado antes
A isso chamas amor!
Dos sóis em brasa
das geleiras frias
dos extremos da agonia
nascem tais anjos tortos
de fala macia
que mourejam na faina
de montar cenários
de bizarra intenção
Montanha escalada
com teus pés em brasa
montaria submissa
flor despetalada
O céu em luz tão fria
é cenário silencioso
choram os ventos
pela humana covardia!
Em 2 de novembro de 2011