MUITO MAIS QUE SOZINHO
O que sobrou de mim
Além de dois olhos
Vermelhos, úmidos e inchados?
NADA.
Tenho duas garrafas de vodca
E um vinho tinto suave
Para me afogar em pranto.
O que sobrou de mim
Além de uma barba por fazer
E uma face suja, desconfigurada?
NADA.
Tenho uma caixa de presentes
E poesias do mais puro amor,
Para guardar para posterioridade.
Os que me conhecem
Assim não me reconhecem.
Os que não sabem que eu sou
Nem fazem questão de saber.
O que sobrou de mim
Além de um corpo em flagelo
Encardido, aos pedaços e moído?
NADA.
Em total embriagues como posso raciocinar?
Que serei eu além
De um lixo atirado
Num canto qualquer.
E ela sabe que é responsável
Por tudo isso que me acontece,
E ela nem ao menos é capaz de lutar por nós.