Amigas da dor

Elas gostam do cheiro que exalo

E só querem a minha ruína!

Elas odeiam quando eu calo

Dentro de mim minha fúria assassina!

Elas sabem que eu as conheço

E não se envergonham do que são!

Elas veem o quanto padeço

E gozam com a minha frustração!

Elas vivem em mim pelo prazer

Que sentem buscando minha queda!

Se elas existem é pelo meu sofrer,

Gerando atrás de si as tragédias!

Elas detestam onde moro,

Pois gostam dos cheiros fétidos de bar

E têm uma enorme tesão quando choro,

Chegando mesmo cada uma a gozar!

Elas gostam do meu instinto,

Quando deveras estou a sofrer,

E acabam sempre insistindo

Para que eu ponha tudo a perder!

Elas sabem, no entanto,

Que eu sei o que nelas se passa.

E sei que vibram com o meu pranto,

Pois são elas a luxúria e a desgraça!