Grito intra-uterino
No limite sou o improvável
Sonho…
Borboleta em voo livre,
Que acha a flor onde não pode poisar!
Raio que rasga em dois
Os hemisférios do céu!
Grito que se faz eco
Na brancura baça da tarde amena!
Passo em frente,
Que recua à memória do tempo ido!
Riso que ficou aprisionado
Ao peso dos dias sucessivos e brutos!
Palavra desgarrada
Em discurso sem assistentes!
Menino que quis ser criança
Quando acordou para ser adulto!
Madrugada alta com o sol a pino!
Desatino
De quem chegou tarde ao seu próprio destino!
Pássaro de fogo e lava,
Que se firma nas asas quebradas
Para voar ao redor de si mesmo!
Brancura de dar dó!
Pó
Que se levanta para caiar
De medo as noites de insónia!
Jargão de vozes concertadas,
Que se destacam num solo
Incandescente
De brasas vivas!
Luz e som de trovões tempestuosos,
Gasosos, líquidos, abstractos,
Retratos de cor nenhuma,
Bruma a cobrir o horizonte,
Fonte de água colorida,
Vida!
No limite sou a improvável
Razão
Que brota das horas aturdidas,
Perdidas
À boca do coração!
Em 22.out.011, pelas 11h10
PC