Poesia do Só
De pouco adianta vê-lo, enquanto nossas meninas fogem,
fogem de medo, guardando segredos.
A dor da vida é a dor do não ter.
O possuir é o fazer sorrir,
E o não destruir é o que vai decidir
A vertigem do que resseca só me lembra a solidão,
O poder de sua falta pode destruir um coração.
Não preciso entender por que agir é estar,
E estar à fugir.
Por que não se luta,
Não se defende,
Um sonho incontente.
Por que desejei e esperei,
Não conquistei,
Estive à pensar e esperar,
E vi um reflexo brilhar.
E você surgiu com um espelho,
Exibindo o meu medo,
Mostrando que era inútil manter você em segredo.
Infinitas razões você me deu para sorrir,
Mas eram tão ilusorias
Quanto sua capacidade de mentir.
Até eu desejei ser elogiado,
Mas por um renegado,
Destruiria meu agrado.
Você foi um infeliz deslize,
Uma sede desertica aliada,
Uma fé sética.
Um sonho de brilho,
Um brilho profundo, porém moribundo
Cheio de vontade, desgastando a maldade.
Que surge e ressurge,
Neste paraíso fúnebre.