Traição
A traição como ato pudico
Torna-se fato se precedida
De amor verdadeiro,de paixão
Somente a pessoa amada
Tem o poder de trair
Pois quem ama simplesmente ama
Não precisa de outro corpo
De outra boca de outro ser
Precisa somente de seu amado;
O traidor por sua vez
Não ama, não sente carinho
Não sente o menor apreço
Ou mesmo respeito pelo seu amante
Sente somente o desejo carnal
A vontade súbita de sentir
O calor alheio de outro corpo;
O traidor é como um verme
Sedento pela carne que não lhe pertence
Rasteja seu ventre sobre outro
Engolindo desesperadamente
Entregando-se como puto vulgar
Lambe os seios e o leite
Que lhe escorre a boca
Matando sua sede de traidor
Saciando sua vontade
De provar todo o leite
Derramado do gozo da traição;
O traidor não tem moral
Não tem escrúpulos
Tem a vida imunda e rastejante
De um verme que vaga pela noite
Em busca de sua comida
E quando a encontra
Perde ainda mais sua compaixão
Deleita-se dos lábios de outro
Como se estivesse tocando seu amante
Comenta ao ouvido as mesmas palavras
Que ouviu antes de sair de casa
Ri-se do fato consumado
E da malandragem de ter enganado
De ter feito idiota, tolo
Aquele que lhe apreça amor
Deixa de lado seu respeito
Sua falsa admiração
E carinho pela pessoa que o ama;
O traidor trai por prazer
Pelo desejo incontrolável
De fazer sofrer, de amaldiçoar
De enganar quem lhe cativa respeito.