A bagunça da alma e o horário e verão

Adiantei o relógio, uma hora,

Não a trouxe, um centímetro pra mim;

Pensei em fazer o depois, ser agora,

Não adianta, adiantar assim.

Apressar um porvir que não vem,

Dizem que economiza energia;

Mas, no apagão que a alma tem,

A noite chega, quando o sol irradia.

Os cabelos negros moldura do seu rosto,

O vento de cá, sequer, mais abana;

O mês de outubro com cores de agosto,

Santa quimera, realidade profana.

Alguma coisa cambiou, porém, acho,

Já que a coisa é geral, como epidemia,

No espelho vejo a mesma cara de tacho,

Mas, as onze - horas abrem ao meio-dia.

Meu medo é que o pico ao qual ascendo,

No fim se revele indesejado renovo,

Se quando eu estiver quase esquecendo,

Aí me mandarem, atrasar de novo...