A bela é a fera

Ingênuo pensar que, todas águas dão banhos,

que não se escorrega no leito das pedras lisas;

pira do tempo a cremar alguns finados sonhos,

a boca do vento sopra e dissipa as suas cinzas;

loucura meter os pés nos portais da prudência,

após, ninguém pra repor no lugar a fechadura;

rasgar de alto a baixo, as cortinas da decência,

para turvar as águas, onde houve a fonte pura;

aí, elefantes sem jeito cagam o chão do jardim,

com bosta que nem serve para adubo orgânico;

mentores da desventura bem sucedidos, enfim,

disfarçada a vergonha, e camuflagem do pânico.

certa dor alheia, saber que a bela virou u’a fera,

a empatia divide, amargo peso de um perdedor,

que perdeu o encantamento, da bela como era,

e predada, hauriu um quê, do próprio predador...