Sob um teto

quando estou de frente para o mar

e ele me encara calmo e agressivo e gigante

lembro o quanto eu sou um nada

o quanto sou menor que uma gota no universo.

quando retomo a leitura do mesmo livro

pela segunda ou terceira vez

me lembro do quanto eu gosto do Raskólhnikov

e da florzinha em seu papel de parede.

quando eu chego em casa

e sei que não faz diferença se minha perna tem pelos

eu me lembro o quanto a melhor parte de sair

é estar de volta.

quando eu escrevo...

eu costumava me sentir sob um teto.

Mariana Schweiger
Enviado por Mariana Schweiger em 10/10/2011
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